A Acupuntura na Fertilidade

Quando usada em conjunto com tratamentos de fertilidade ocidentais, a acupuntura aumenta a taxa de conceção em cerca de 26%. Um estudo recente da Universidade de Tel Aviv relata que ao combinar a Inseminação Intra Uterina com tratamentos de Medicina Tradicional Chinesa, que 65,5 por cento do grupo de teste foi capaz de conceber, em comparação com 39,4 por cento do grupo controle, que não receberam tratamento fitoterapêutico ou de acupuntura.

A acupuntura pode aumentar a fertilidade porque reduz o stress, aumenta o fluxo sanguíneo nos órgãos reprodutivos e equilibra o sistema endócrino, de acordo com a revisão sistemática de vários outros estudos e pesquisas científicas.

Um dos mecanismos de ação de sucesso da acupuntura no tratamento da infertilidade é a redução do stress. Quando um ser humano está sob a ação do stress, o cortisol (hormona segregada pelas glândulas supra renais que interfere com os mecanismos do stress) interage, provocando alterações significativas a nível do equilíbrio neuro químico do cérebro, alterando, assim, os níveis hormonais, o que resulta numa deterioração do equilíbrio a nível da glândula pituitária que é chave para o ciclo reprodutivo. Devido ao delicado equilíbrio entre o hipotálamo, a pituitária e as glândulas reprodutivas, o stress é capaz de impedir uma mulher de ovular, podendo contribuir como uma das causas da infertilidade feminina.

O stress pode, também, gerar espasmos em ambas as trompas de Falópio e no útero, o que poderá interferir com a implantação de um ovo fertilizado. Nos homens, o stresse pode alterar a contagem de espermatozoides e a sua motilidade e é causa de impotência masculina assim como da disfunção erétil. A acupuntura administrada para o tratamento da infertilidade combate o stresse e reduz os efeitos do cortisol por libertação de endorfinas no cérebro.

A causa mais comum de infertilidade feminina é motivada por desequilíbrios da ovulação, em que a libertação de um óvulo maduro a partir do ovário é impedida, na generalidade, por causa de um desequilíbrio hormonal. Sem os níveis suficientes de progesterona, por exemplo, o feto é incapaz de se fixar no útero. Níveis elevados de prolactina, a hormona que estimula a produção de leite na mama, também, poderão ser uma das causas de anovulação.

Enquanto os medicamentos para a fertilidade comumente prescritos para as mulheres podem produzir uma taxa de gravidez 20 a 60 por cento, eles também podem incluir efeitos colaterais como dor abdominal, inchaço e retenção de líquidos, ganho de peso e náuseas. Alguns estudos mostram até que essa medicação pode estar na origem do cancro da mama.

O tratamento da infertilidade através da acupuntura, por outro lado, é desprovido de efeitos colaterais ao executar a mesma função que os tratamentos químicos ao estimular o hipotálamo para equilibrar eficazmente o sistema endócrino e as suas hormonas agindo diretamente na raiz das causas da infertilidade feminina, bem como na infertilidade masculina.

O objetivo de um tratamento de infertilidade na perspetiva da Medicina Chinesa não se coaduna apenas com o sucesso de uma gravidez, mas também na conceção de um bebé saudável.

FONTES

Estudo Universidade de Tel Aviv

http://www.pacificcollege.edu/news/blog/2015/04/17/how-does-acupuncture-fertility-work-increase-chance-conception-without-side#sthash.yjFCh9oM.dpuf

https://www.facebook.com/Acupuntura.PontaDelgada

Outras aplicações da Acupuntura

Outras aplicações da acupuntura Tem sido demonstrado experimentalmente que a colocação de agulhas no filtro nasal de gatos aumenta a resistência ao choque hipovolêmico e que, acupuntura no acuponto 26 do canal do VasoGovernador (26VG) aumenta a oxigenação tecidual em cérebros de ratos. A estimulação deste mesmo acuponto em cães levemente anestesiados com halotano aumenta o débito cardíaco, freqüência cardíaca, pressão arterial média e diminui a resistência periférica total (ALTMAN, 1979). A acupuntura também foi avaliada em experimentos com estresse agudo por contenção. GUIMARÃES et al. (1997) avaliaram o efeito da acupuntura nos acupontos 06BP, 36E, 17VC, 06CS, 20VG durante um período de imobilização de 60 minutos em ratos Wistar, utilizando como parâmetros cardiovasculares pressão arterial e freqüência cardíaca e análise de comportamento.

Os resultados obtidos sugerem que a acupuntura aplicada durante o estresse agudo por contenção atenua alguns comportamentos envolvidos na reação de luta ou fuga característica do estresse, de maneira independente dos parâmetros cardiovasculares avaliados. TOUGAS et al. (1992) demonstraram que a acupuntura é capaz de reduzir, durante 30min, a secreção ácida do estômago em voluntários sadios do sexo masculino. ASAMOTO & TAKESHIGE (1992) estudaram o efeito da acupuntura sobre o apetite. Observaram que a implantação de agulhas nos acupontos auriculares correspondentes ao piloro, pulmão, traquéia, estômago, esôfago, sistema endócrino e coração reduziu o ganho de peso em ratos obesos. Segundo estes autores, isso poderia ocorrer pelo efeito da acupuntura exercido sobre o núcleo ventromedial, pois a estimulação de regiões específicas do pavilhão auricular de ratos (aurículo-acupuntura) é capaz de evocar potenciais no núcleo hipotalâmico ventro-medial, o centro da saciedade. FARBER et al. (1996) avaliaram a utilização da acupuntura auricular como tratamento da obesidade em pacientes humanos. O estímulo dos acupontos auriculares Shen Men, estômago, cárdia, subcórtex (interno) levou à diminuição significativa do peso nas pessoas tratadas, com grandes variações individuais. Estes autores concluem que a acupuntura é moderadamente eficaz como auxiliar no tratamento da obesidade.

Em uma revisão sobre o uso de neuroestimulação para o tratamento de angina pectoris, COLQUHOUM (1993) defende o uso regular de estimulação elétrica transcutânea (transcutaneal electrical nerve stimulation – TENS), baseado no fato de essa técnica aliviar os sintomas e melhorar a performance sem induzir a chamada isquemia silenciosa (alívio da dor sem prevenção da isquemia). Estes resultados são observados a curto e longo prazo. Em pacientes vítimas de acidente vascular cerebral (AVC), a acupuntura é capaz de promover uma melhora funcional mais intensa que os métodos usuais de fisioterapia. JOHANSSON et al. (1993) estudaram 78 pacientes com hemiparesia severa, tanto direita quanto esquerda, e observaram que aqueles que receberam o estímulo sensitivo se recuperaram mais rapidamente e de forma mais intensa que os controles, com uma diferença significativa no equilíbrio, mobilidade, atividades da vida diária, qualidade de vida e dias dispendidos no hospital ou com cuidados de enfermeiras no domicílio.

YAO (1993) estudou o efeito pressor da acupuntura em animais hipotensos. Ratos com hipotensão hemorrágica, ou seja, com pressão arterial média (PAM) correspondente a 60% do valor controle antes da indução da hemorragia, tiveram a PAM elevada a 80% da PAM controle, após aplica- ção de eletroacupuntura. Houve também um aumento significativo da atividade do nervo esplênico, ou seja, inibição da resposta depressora pósestimulatória atribuível à inibição simpática. A eletroacupuntura é capaz de diminuir os níveis de emocionalidade em camundongos. A aplicação de eletroacupuntura nos acupontos 36E e 06BP em camundongos observados em campo aberto e em labirinto em cruz elevado aumentou significativamente a porcentagem de locomoção central em relação à locomoção total, indicando um efeito ansiolítico da eletroacupuntura (SILVA et al., 1996).

Comparando as técnicas de estimulação do acuponto Zuzanli (36E) com agulha permanente fixada com cola instantânea ou fazendo a contenção do animal e utilizando agulha simples, os mesmos autores observaram que em camundongos em jejum, normoalimentados ou atropinizados, a técnica da agulha permanente não alterou ou não reduziu de forma significativa o trânsito gastrintestinal. Porém, reduções significativas foram observadas em animais sob contenção e acupunturados (MEDEIROS et al., 1996) COSTA et al. (1996) avaliaram o efeito da acupuntura sobre a indução de estro em éguas puro sangue inglês virgens que apresentavam retardo no aparecimento de estro na estação de monta. A taxa de prenhez à primeira cobertura foi de 88,88% para o grupo tratado e de 58,33% para os animais do grupo controle não tratado. A taxa de prenhez geral, incluindo todas as coberturas foi de 88,85% para o grupo tratado e de 83,33% para o grupo controle não tratado. Com os resultados obtidos, estes autores concluíram que a acupuntura é uma alternativa para auxiliar o tratamento de éguas que não apresentam ciclo estral no início da estação de monta. ALVARENGA et al. (1998, 1998a) avaliaram o efeito luteolítico da aplicação de microdoses (um décimo da dose mínima recomendada) de PGF2α no acuponto Bai Hui em éguas durante a fase luteínica e verificaram ser a microdose tão eficaz quanto a aplicação da dose convencional por via intra-muscular. Por outro lado, a injeção de água destilada no mesmo ponto não produziu efeito luteolítico (LUNA et al., 1999).

Tem medo de dentista? Hipnose e acupuntura podem te ajudar

Barulho do motor e as agulhas usadas durante o tratamento são alguns dos motivos que mais causam medo na hora de entrar no consultório de um dentista. E o pavor de fazer a consulta para verificar a saúde bucal não é só no Brasil. Segundo dados da Sociedade Americana de Odontologia, três em cada 10 adultos têm medo de ir ao dentista. No entanto, o que poucos pacientes sabem é que existem técnicas alternativas, como acupuntura e hipnose, capazes de diminuir a ansiedade e controlar o estresse para tornar a consulta mais tranquila.

A professora e pedagoga Gisele Prestes Kaussinis, 50, confessa que tinha um pouco de medo de ir ao dentista devido ao barulho dos procedimentos que são feitos na consulta, além disso, ela também sentia ânsia na hora de colocar algodão e gase na boca. Foi com a acupuntura — técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa — aliada ao tratamento dentário que ela superou o trauma há 10 anos.

“Vi reportagens sobre o tema e procurei um profissional de confiança. Virei fã de carteirinha, pois além de ajudar a controlar a ansiedade, também traz outros benefícios para o corpo. Tenho síndrome do cólon irritável, então meu dentista faz o tratamento com as agulhas para regular esse problema, eliminar o medo e relaxar”, conta Kaussinis, que afirma que as agulhas não causam nenhum tipo de dor e/ou incômodo.

Para o presidente da Câmara Técnica da área de acupuntura do Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo), o cirurgião-dentista Helio Sampaio Filho, a acupuntura visa o equilíbrio geral do organismo do indivíduo. “As agulhas são colocadas em alguns pontos espalhados pelo corpo todo, dentro dos meridianos, que consistem em vias por onde circula a energia. Dentro desses meridianos, existem alguns pontos que quando estimulados por agulhas, são mais apropriados para relaxar, melhorar a questão da ansiedade e do medo também”, afirma.

A técnica pode ser feita na própria cadeira do dentista — ainda que alguns destinem uma sala apenas para isso — e a duração da sessão varia entre 30 e 60 minutos de acordo com o caso de cada paciente. Alguns especialistas também procuram fazer algumas sessões antes mesmo de começar o tratamento odontológico. “Quando essa questão do medo e ansiedade é muito forte, o paciente pode fazer de três até cinco sessões de acupuntura antes de iniciar o tratamento até que ele se sinta mais tranquilo e confiante”, afirma Filho.

Sem contraindicações, a acupuntura também é indicada para outros casos além do medo de ir ao dentista, dentre eles: alergia a anestesia, disfunções temporomandibulares, bruxismo, paralisia facial, nevralgia do trigêmeo (dor aguda causada por uma inflamação no nervo da face), aftas, reflexo de regurgitação, náusea e no tratamento de pacientes com doenças mentais.

“Pacientes com paralisia cerebral, por exemplo, têm muitos movimentos involuntários, o que torna o tratamento odontológico mais difícil. Com a acupuntura, eles ficam tão calmos que às vezes não é preciso colocar faixas de contenção durante o tratamento”, aponta Maria Cristina Borsatto, professora-titular de Odontopediatria e de Acupuntura da Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto.

Hipnose

Uma outra técnica que pode contribuir para quem tem medo de ir ao dentista é a hipnose. Segundo o cirurgião-bucomaxilofacial Claudio Gargione, assessor da presidência da ABCD (Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas) e presidente da Câmara Técnica de Hipnose do Crosp, a técnica mexe com o sensitivo da pessoa e faz com que ela entre em um “transe” que a deixa mais relaxada.

“Se o paciente tem medo do barulho do motor, pergunto qual ruído que ele gostaria de ouvir no lugar. Dou algumas sugestões, como cascata de água e hipnotizo dando esse comando. Na hora que piso para ativar o motor, a pessoa não escuta o barulho da turbina, mas sim o da água e isso a deixa mais calma e tranquila”, afirma Gargione.

O mesmo acontece com quem tem medo de agulha. “Com a hipnose é possível apagar a imagem da agulha. Você passa o objeto na frente do nariz do paciente e ele não enxerga nada e não sente a penetração. Para ele, não existe a agulha ali”, diz o cirurgião-bucomaxilofacial.

Foi o medo de anestesia e injeção que levou a professora de Educação Física Mônica Bitti, 35, a procurar o tratamento odontológico aliado com a hipnose há dois anos. “Com a hipnose você acaba não vendo o procedimento, fica com um pouco de sono, mais relaxada e tranquila. Você escuta os comandos que o dentista dá, mas sempre a voz está meio longe, além disso não sinto nenhum tipo de dor durante o tratamento”, afirma.

Um dos principais pontos positivos da técnica, segundo Gargione, é substituir a anestesia tradicional, especialmente para os pacientes com alergia aos anestésicos usados nos tratamentos odontológicos.

“O dentista vai dando comando para dar uma anestesia local sem medicamento e a gengiva fica esbranquiçada, a circulação de sangue para no local, então é possível arrancar um dente sem nenhum sangramento, dar o ponto no local sem se preocupar com a salivação, pois também conseguimos controlar isso com a técnica. É trabalhoso, mas é possível”, diz o presidente da Câmara Técnica de Hipnose do Crosp.

Laser

O avanço da tecnologia também promete melhorar a vida de quem tem pavor de ir ao dentista. Uma delas é o laser que tem sido estudado para ser utilizado na remoção de cáries. “Atualmente, para remover as cáries é preciso utilizar a alta rotação, que faz muito barulho — um dos fatores que causa medo de ir ao dentista, mas estudos comprovam que o laser tem sido eficaz neste procedimento”, diz a professora-titular de Odontopediatria e de Acupuntura da Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto.

Para Borsatto, o principal benefício deste tratamento é que o dentista não precisa encostar no dente, não é necessário pressionar o local, aplicar anestesia e o paciente não sente dor. “No entanto, os aparelhos que usam essa tecnologia ainda são muito caros, portanto a tendência é que o uso dessa técnica fique mais popular conforme o material ficar mais barato”.

Medicina integrativa ganha espaço em hospitais e até no SUS

Em uma consulta de rotina, você fica sabendo que terá que passar por uma pequena cirurgia. Você faz a operação e o médico afirma que o procedimento foi um sucesso. Mas isso é apenas o primeiro passo: afinal, ainda é preciso lidar com a cicatrização, que muitas vezes vai exigir cuidados especiais com a alimentação e alguns dias longe do trabalho. Acompanhar todo esse processo para o restabelecimento do bem-estar físico, mental e social é o objetivo da medicina integrativa.

Partindo do princípio de que acupuntura, meditação e ioga ajudam a minimizar a dor, a ansiedade e até os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais,  a medicina integrativa tem ganhado cada vez mais espaço em hospitais e centros de estudos.

Para os defensores da prática, a cura não é apenas eliminar a doença, mas sim restabelecer o paciente integralmente – e isso inclui os aspectos emocionais e sociais também.

“A medicina integrativa propõe um resgate das práticas mais antigas sem negar os avanços da medicina convencional”, diz o médico Paulo de Tarso Lima, coordenador do Grupo de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein e autor do livro “Medicina Integrativa – a Cura pelo Equilíbrio”.

Isso não quer dizer que um tratamento seja trocado pelo outro, mas, sim, que a combinação deles pode trazer benefícios reais para o paciente. “A medicina integrativa não é a defesa de uma terapia complementar, mas sim a integração de vários esforços pensando no bem-estar do paciente”, explica.

Na definição do Consortium of Academic Heath Centers for Integrative Medicine, “a medicina integrativa é a prática que reafirma a importância da relação entre médico e paciente, com foco na pessoa como um todo, embasada em evidências, e que usa de todas as abordagens terapêuticas apropriadas para alcançar saúde e cura”.

Pelo mundo afora

Essa nova abordagem, na verdade, não é tão nova assim. A medicina integrativa surgiu em meados de 1970 dentro das universidades norte-americanas, num movimento que buscava tirar a doença do foco principal de atenção e colocar o paciente como protagonista.

O primeiro centro de medicina integrativa foi criado em 1991 nos Estados Unidos pelo médico Brian Bennan. Atualmente, institutos e universidades europeias, americanas, canadenses, indianas, chinesas e africanas possuem cursos e centros de pesquisas sobre medicina integrativa.

O Brasil não fica atrás. A oferta de tratamentos complementares já acontece no SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2006, quando o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC). Desde então, passaram a ser oferecidos acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e termalismo (diferentes maneiras de utilização da água mineral e sua aplicação em tratamentos de saúde) no sistema público de saúde em mais de 1.200 municípios.

“Pacientes em tratamento por hepatite, obesos mórbidos e ostomizados (que passaram por cirurgia para construir um novo caminho para a saída das fezes ou da urina para o exterior)  podem ser beneficiados por esse tipo de tratamento. Eles são encaminhados pelos seus próprios médicos, que avaliam se estão em condições de receber o tratamento clínico e as terapias alternativas ao mesmo tempo”, diz Edilma Gonçalves, presidente da Associação do Voluntariado do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, que oferece terapias alternativas como reiki e cromoterapia aos seus pacientes. “O nosso objetivo é que essas terapias alternativas sejam estendidas para todas as especialidades atendidas no Mandaqui, inclusive para os funcionários”, afirma.

E a implantação teve sucesso: segundo dados do Ministério da Saúde, o SUS faz em média 385 mil procedimentos de acupuntura e mais de 300 mil de homeopatia por ano. “A medicina integrativa já é uma realidade efetiva em todo o país, e conta com lei federal, portaria  regulamentadora do Ministério da Saúde – ainda que sob denominação diferenciada – e diversas leis estaduais e municipais”, aponta  o doutor em ioga Cláudio Duarte, que é membro da Unesco e consultor especializado em qualidade de vida em vários países.

Apesar de ainda haver relutância por parte de muitos médicos convencionais, a prática integrativa tem respaldo científico. O número de estudos sobre o tema cresceu 33% em cinco anos, de acordo com o banco de dados de publicações médicas Pubmed. Só em 2011 foram 514 artigos divulgados. Os cursos sobre o tema também têm aumentado: só nos Estados Unidos são mais de 3.800 cursos na área.

Aqui no Brasil, a Liga de Medicina Integrativa da Unicamp oferece desde 2010 a disciplina de medicina integrativa para alunos de graduação da Faculdade de Ciências Médicas. E o hospital Albert Einstein de São Paulo oferece o curso de pós-graduação latu senso em medicina integrativa, atendendo cerca de 40 alunos por ano e realizando várias pesquisas na área.

Paciente em primeiro lugar

A característica principal da medicina integrativa é colocar o paciente em primeiro lugar. Isso significa pensar nele integramente, considerando seus aspectos emocionais e sociais também, assim como considerar as características únicas de cada um. “Para algumas pessoas, a meditação pode trazer alívio dos sintomas, mas para outras pode não ter efeito. Por isso antes de tudo é preciso ouvir o paciente”, afirma Lima.

Os pacientes que podem usufruir muito dos benefícios da medicina integrativa são os crônicos. Isso porque têm de conviver com uma doença por um período de tempo muito longo e veem sua qualidade de vida se deteriorar por conta da enfermidade. Nesses casos, as terapias complementares e alternativas podem oferecer recursos que forneçam bem-estar para esses indivíduos.

“Entre os principais motivos que estimulam o paciente e/ou seus familiares a procurarem a medicina integrativa está o fato de a mesma ser altamente humanizada, ou seja, ela  preocupa-se com o ser humano, em ouvi-lo, em atendê-lo profundamente, em dar-lhe além do tratamento necessário, também atenção”, explica Duarte.

Contra-indicações da Acupuntura

É contra-indicado o uso da acupuntura durante a gestação, sobre dermatites ou áreas tumorais e em portadores de marca-passo (BANNERMAN,1980; STANDARD, 1990). Também é contraindicada a instituição do tratamento com acupuntura antes de elaborado diagnóstico, correndo-se o risco de mascarar ou alterar os sinais clínicos (ALTMAN, 1992).

Os Pontos de Acupuntura

Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de milhares de anos de prática médica (RISTOL, 1997). Acuponto é uma região da pele em que é grande a concentração de terminações nervosas sensoriais, Essa região está em relação íntima com nervos, vasos sangüíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares (WU, 1990). Sua estimulação possibilita acesso direto ao SNC (FARBER & TIMO-IARIA, 1994). Estudos morfofuncionais identificaram plexos nervosos, elementos vasculares e feixes musculares como sendo os mais prováveis sítios receptores dos acupontos. Outros receptores encapsulados, principalmente o órgão de Golgi do tendão e bulbos terminais de Krause também podem ser observados (HWANG, 1992). Diversos trabalhos têm demonstrado grande número de mastócitos nos acupontos. Nesse sentido, Zhai apud HWANG (1992) verificou que ratos adultos possuem contagens de mastócitos significativamente mais altas nos acupontos que em outros locais. Além disso, os acupontos possuem propriedades elétricas diversas das áreas adjacentes: condutância elevada, menor resistência, padrões de campo organizados e diferenças de potencial elétrico (ALTMAN, 1992). Por isso, são denominados pontos de baixa resistência elétrica da pele (PBRP) e podem ser localizados na superfície da pele através de um localizador de pontos. Em ratos, há uma correlação positiva entre o desenvolvimento pós-natal de PBRP e o aumento da contagem de mastócitos no tecido conjuntivo da derme nestes PBRP. KENDALL (1989) verificou que, em acupontos de ratos e humanos, podem ser observadas junções entre mastócitos e fibras nervosas aferentes e eferentes imunerreativas para o neurotransmissor substância P (SP). Segundo HWANG (1992), junções específicas mastócito-célula nervosa foram observadas nos acupontos, bem como relatos de degranula- ção de mastócitos no acuponto após sua estimulação com agulha. Funcionalmente, os mastócitos estão intimamente relacionados às reações de hipersensibilidade imediata, inflamação neurogênica e enfermidades parasitárias. Devido à gama de estímulos e agentes capazes de ativar o mastócito, tem sido também sugerida sua participação como adjuvante ou amplificador de respostas inflamatórias agudas não relacionadas com hipersensibilidade imediata (Galli apud ABEL, 1995). Sabe-se, por exemplo, que mastócitos produzem interleucina 8 (IL-8), um potente agente quimiotático para neutrófilos (MÖLLER et al., 1993). A combinação das características descritas tornam o ponto de acupuntura extremamente reativo ao pequeno estímulo causado pela inserção da agulha (KENDALL, 1989). Segundo GUNN et al. (1976), os acupontos podem ser divididos em tipo I ou pontos motores; tipo II, localizados nas linhas medianas posterior e anterior (ou dorsal e ventral) do organismo e tipo III, que apresentam leitura difusa com neurômetro. Quanto à sua localização, os acupontos dos membros estão situados sobre linhas que seguem o trajeto dos principais nervos e vasos sangüí- neos, os do tronco, ao nível da inervação segmentar, local onde nervos e vasos sagüíneos penetram a fascia muscular e os da cabeça e face, próximos aos nervos cranianos e cervicais superiores (KENDALL, 1989).

Fonte: ACUPUNTURA: BASES CIENTÍFICAS E APLICAÇÕES

Acupuntura na língua: tratamento eficaz contra depressão

A acupuntura na língua é uma eficaz ferramenta no tratamento da depressão. Os pesquisadores avaliaram seus efeitos sinergéticos em combinação com a acupuntura tradicional e concluíram que a acupuntura lingual é uma forma eficaz de tratamento da depressão. Também demonstraram que reduz significativamente os níveis de ansiedade e melhora a frequência cardíaca. Sinais de eletrocardiograma (ECG) também confirmaram melhorias no HRV, variabilidade da freqüência cardíaca.

A língua é uma forma rara de acupuntura na medicina tradicional chinesa (MTC). Uma pesquisa recente, realizada por uma equipe de pesquisadores liderada por Sun JG, identificou 40 pontos de acupuntura na língua que correspondem diretamente aos órgãos internos e partes do corpo. VC Wong e seu grupo, citam numerosos estudos que mostram que tanto a acupuntura corporal tradicional quanto a lingual, melhoram a visão central e periférica em crianças doentes. O estudo feito pela equipe de Li concluiu que a acupuntura lingual tem um efeito terapêutico significativo em pacientes com acidente vascular cerebral, e também é vantajosa quando combinada com a acupuntura corporal no tratamento da depressão.

Os pacientes receberam um total de seis tratamentos de acupuntura neste estudo randomizado. Os pontos de acupuntura do corpo utilizados no estudo foram: ST36 (Zusanli), SP6 (Sanyinjiao), PC6 (Neiguan), GV24 (Shenting) Yintang (Ex0HN3) DU20 (Baihui). Esterilizadas para uso individual, as agulhas de 0,30 X 25 milímetros foram inseridas perpendicularmente. Técnicas de rotação foram aplicadas na direção dos ponteiros do relógio e no sentido contrário, em um total de 15 segundos a uma taxa de 6 rotações por segundo. Para cada agulha, um total de 90 rotações foram usadas durante o período de estimulação.

Os pontos de acupuntura da linguagem utilizada no estudo foram o fígado, coração e cérebro. Para a técnica de inserção da agulha dentro-fora, dentro e fora obliquamente imediata, foi usada uma profundidade de 0,5 a 1 cun (1,0 a 2,5 microns de diâmetro), protocolos geralmente linguais para a acupuntura, sendo que as agulhas de acupuntura não são mantidas, mas removidas imediatamente.

Os dados mostraram reduções na depressão apenas com a acupuntura corporal e em combinação com a lingual. Esta conjunção mostrou uma melhora clínica significativamente superior do que apenas com a corporal. Em recente pesquisa relacionada ao tema, Li mencionou que “uma série de meta-análises e sistemas de avaliação indicam que o tratamento de acupuntura tem mais vantagens do que as drogas no tratamento de transtornos de ansiedade …”.

O Healthcare Medicine Institute publica notícias, pesquisas e cursos de educação continuada on-line para acupuntura CEU, acupuntura e créditos PDA. Saiba mais em www.healthcmi.com

Aumenta acesso à acupuntura no SUS em SP, mas espera pode ser de 6 meses

A procura por sessões de acupuntura no SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado de São Paulo vem crescendo ao longo dos anos. O serviço oferecido em 64 unidades de saúde do Estado é voltado para pacientes com dores crônicas, mas também atende pacientes com transtornos psiquiátricos como a depressão.

Apesar disso, pacientes que usam o serviço ainda reclamam da dificuldade de agendamento –que pode demorar até seis meses– e, das filas para serem atendidos, depois de finalmente agendada as consultas. O SUS oferece, em média, dez sessões por paciente, o que permite que alguns recebam alta sem sentir uma efetiva melhora no quadro de dor.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, desde o começo do serviço na rede pública, em 2007, mais de 1,5 milhão de sessões foram realizadas. Nos últimos dois anos ocorreu um salto na procura: houve 348,3 mil aplicações da técnica nos serviços públicos do Estado em 2013, e 389,2 mil sessões em 2014, um aumento de 11,8%.

Como o encaminhamento é feito a partir de pedido médico feito nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde controladas pelo poder municipal), a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que não tem como diminuir a espera pelo atendimento. Mas informou que o paciente pode fazer mais sessões se houver necessidade. Já a Secretaria Municipal de Saúde não confirma a demora nos casos e diz que muitos pacientes faltam, perdem lugar na fila e depois reclamam da demora.

Segundo o acupunturista Daniel Hideo Yoshizumi, responsável por aplicar a técnica no AME Dr. Geraldo Bourroul, na região central de São Paulo (SP), 80% dos pacientes que chegam para passar por suas mãos têm problemas ortopédicos e de coluna. Ele faz a aplicação com agulhas, ventosas ou eletroestimulação.

“A acupuntura tem como diferencial avaliar o paciente de forma holística, tratando não apenas os sintomas, mas proporcionando a sensação de bem-estar, melhora da qualidade do sono, melhora da disposição e da parte emocional e sem os efeitos colaterais do uso de medicações”, afirma Yoshizumi.

Na capital paulista, na AME Dr. Geraldo Bourroul, o atendimento ocorre de segunda, quarta e sexta-feira, das 14h às 18h, com 30 pacientes por sessão, em média.

No Estado de São Paulo, o SUS oferece acupuntura nas seguintes cidades: Andradina, Araçatuba, Assis, Atibaia, Barretos, Bauru, Carapicuíba, Casa Branca, Catanduva, Dracena, Ferraz de Vasconcelos, Franca, Guarulhos, Itapetininga, Itapeva, Itapevi, Itu, Jales, Jundiaí, Limeira, Marília, Mogi Guaçu, Ourinhos, Pariquera-Açu, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, Tupã e Votuporanga.

“Médico é atencioso, mas espera é longa”

Depois da quinta sessão de acupuntura na AME Dr. Geraldo Bourroul, a paulistana Dinaura Sandoli, 63, diz “ter notado uma melhora muito grande” em seu delicado estado de saúde.

“Já senti um alívio da fibromialgia e da enxaqueca. Acredito que estes dois problemas estarão melhores na décima aplicação. Mas também tenho artrose na coluna e nos joelhos que devem ter uma recuperação mais lenta”, disse.

Para a moradora da Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo (SP), Yoshizumi “é muito atencioso e gosta de conversar com os pacientes”. Para ser eficiente, ela conta que ele pede para os pacientes escreverem no papel seus problemas de saúde. Antes de usar as agulhas, ele lê o papel para fazer o atendimento mais personalizado.

“Ele é muito criterioso, se preocupa com a gente”, disse. Antes da sessão, porém, Dinaura diz já ter esperado até duas horas para ser atendida, devido a extensa fila.

“São poucos médicos para muitos pacientes, mas a espera é relativa. Pode ser de 40 minutos até duas horas”, afirma.

“Dez sessões é pouco para quem tem dor”

Depois das dez sessões feitas na AME da região central de São Paulo, a aposentada Alaide Alves de Souza, 65, diz ainda sentir dores e, por isso, gostaria de continuar o tratamento.

A idosa sofre de artrite e fibromialgia e, por ter problemas no fígado, não pode tomar certos remédios para dor, o que piora seu estado de saúde.

“Senti uma melhora com a acupuntura. Tinha muita dor nas costas, nas pernas e no joelho e elas diminuíram. Achei o atendimento muito humano, mas ainda queria fazer mais sessões porque sinto muita dor e não posso tomar remédios”, conta.

A moradora do Cambuci, bairro da região central de São Paulo, também reclama da ‘fila enorme’ para ser atendida. Ela só conseguiu agendar as sessões após seis meses do pedido médico.

Técnica ajuda aliviar dores

A acupuntura usa agulhas finíssimas que combatem as dores causadas por problemas ortopédicos, de coluna, fibromialgia, artroses e artrites, mas também ajuda no alívio da ansiedade e da insônia e pode até melhorar os efeitos colaterais da quimioterapia.

“A OMS (Organização Mundial da Saúde) indica a acupuntura também para quem tem apneia do sono, depressão leve, transtornos de ansiedade, sintomas do climatério e até para quem sofre com muita náusea no início da gestação”, diz Yoshizumi.